Cresce a preocupação em relação a como a atividade é praticada no Brasil. O que se deve saber?
Por Rodrigo Solano
Recentemente, tenho observado muitas pessoas dizerem que são coaches sem realmente sê-lo, ou pelo menos, não praticam o que é normalmente ensinado nas escolas de coaching. Este é um dos motivos pelos quais o termo acaba perdendo seu prestígio, e hoje há quem queira classificar a prática como crime. Mas isto ocorre porque o serviço que é prestado com o título de coaching é desconhecido por grande parte dos brasileiros que acabam contratando algo que não é coaching mas leva o nome.
Afinal, o que é coaching?
Usando a definição da Federação Internacional de Coaching (International Coaching Federation) “Coaching é ser parceiro dos clientes em um processo criativo e provocador de pensamentos que os inspira a maximizar seu potencial pessoal e profissional!".
O termo passou a ser usado com base na abordagem do treinador Timothy Galeway em seu livro “O Jogo Interior de Tênis”, que começou a ser escrito na década de 70 e tinha como base a da performance de jogadores a partir do coaching.
Atualmente, a maior parte dos cursos de formação em coaching mencionam Galeway, mas utilizam-se da metodologia filosófica de Sócrates para o questionamento racional, além de ferramentas gerenciais das ciências humanas aplicadas, principalmente, da administração.
O coaching já era praticado antes do uso corrente do termo!
Eu gosto de definir coaching como “A aplicação de pensamento filosófico e ferramentas gerenciais para atingir metas factíveis."
O pensamento filosófico é uma prática usada há milênios e evita que as pessoas que o utilizam caiam em ciladas falaciosas, demagogia e charlatanismo e as ajuda a pensar mais objetivamente sobre suas vidas e atividades cotidianas. Ou seja, o que se faz no processo “coaching”, de alguma forma, já existia muito tempo antes do uso do termo nos tempos atuais.
Ocorre que vender um serviço chamado “Filosofia Aplicada a Metas” provavelmente não teria muito sucesso, já que pouquíssimas pessoas entendem o que realmente é filosofia, confundindo a área com crenças e pensamentos fantasiosos, o que, na verdade, estão no lado oposto.
O que não é coaching?
O problema surge quando as pessoas misturam as áreas por desconhecerem o que coaching realmente é. Já ouvi sobre “coaching exotérico”, “coaching quântico”, “coaching de reprogramação de DNA”, etc..
Não é impossível aplicar o processo de coaching em várias áreas, mas confesso que desconheço quem aplica corretamente a metodologia usando estes termos que já ouvi. Além disto, muitas áreas possuem naturezas diferentes e incompatíveis com a aplicação do método formal de coaching como por exemplo, a psicologia terapêutica, a conversão a crenças e teorias pseudocientíficas. Muitas atividades podem caminhar paralelas ao processo de coaching, mas não deveriam ser chamadas de coaching. Outras que induzem o cliente ao erro ou a crenças improváveis deveriam ser proibidas de usar o termo coaching.
O coaching não entra no lado psicológico, ou seja, não é terapia. Também não é mentoria. O profissional que o aplica não deve emitir posicionamento: “você deveria fazer assim...”, ou “eu acho que...” – este é um dos principais indícios de que o serviço prestado não é coaching. O profissional deve estimular a tomada de decisão consciente sem impor seus desejos ou crenças pessoais ao cliente.
Existe também um grande número de palestrantes motivacionais que se chamam de coaches. O que estão fazendo pode até ser positivo, mas não pode ser chamado de coaching.
Como o método funciona e entrou na moda, muitas pessoas passaram a se auto intitular coaches sem fazer nada ao menos parecido com o que realmente deveria ser o serviço, conforme definido pelas organizações internacionais de coaching.
Vantagens
O coaching pode funcionar como um ótimo acelerador de realizações e apoio para o desenvolvimento de um plano estratégico. Desta maneira, entre as vantagens estão:
Desvantagens
Se o coaching é aplicado de forma correta, não consigo imaginar desvantagens, mas investimentos em recursos, tempo e comprometimento.
As desvantagens geralmente estão ligadas prestação inadequada do serviço, tais como:
Você deve contratar um serviço de coaching?
Esta decisão cabe exclusivamente a você. O importante é saber exatamente o que é coaching e distinguir da grande massa que presta serviços que nada tem a ver com o ideal.
No meu caso, costumo usar o método filosófico (questionamento racional e objetivo) e ferramentas gerenciais no processo de coaching acrescido de mentoria e apoio relacionado àquilo em que sou especialista: Gestão de negócios, Internacionalização e Semiótica Psicanalítica (Clínica da Cultura).
Assim como eu, conheço muitos profissionais sérios no mercado, com especialização e experiência nas áreas em que atuam além de se comprometerem fielmente com o que estudaram nas escolas de coaching.
Entretanto, usando o termo coaching ou não, o método existe, já existia antes do termo e deverá continuar existindo. O importante é você ter claro aquilo que está contratando e estar de acordo!